Ainda a bolha imobiliária no Brasil
Um leitor do blog (infelizmente anônimo), chama a atenção para o fato de que não se pode comparar os preços de imóveis em Londres ou Nova York com os de São Paulo. Afinal, são cidades de países desenvolvidos, e não têm, segundo o leitor, enchentes. Bem, enchente que paralisa a cidade por horas não tem mesmo, mas nevasca que paralisa a cidade por dias…
Mas o leitor tem realmente um ponto: os preços dos imóveis devem ter alguma relação com o PIB per capita dos países. Então, não seria justo comparar diretamente o preço de imóveis em São Paulo com os de Londres ou Paris, se não for ajustado pelo PIB per capita. Eu comparei também com Xangai em meu post, que fica na China e tem PIB per capita metade do brasileiro, mas deixa para lá. Resolvi fazer um estudo mais abrangente, e coloquei em um gráfico os preços dos imóveis em função do PIB per capita. Aí está:

Só para lembrar, a fonte dos preços dos imóveis é o Global Property Guide, e a fonte do PIB per capita é o FMI. A julgar somente por esta relação, morar em Londres, Moscou ou Mumbai (Índia) está bem mais caro do que morar em São Paulo (ponto vermelho perdido no meio do bolo). Obviamente, outros fatores devem influenciar os preços dos imóveis, mas considerando somente a renda per capita do país, os preços dos imóveis em São Paulo não parecem exagerados.
O que ocorre é que os preços estão subindo muito rapidamente, acompanhando o aumento do poder aquisitivo e as facilidades do crédito de longo prazo, novidade no Brasil. Aparentemente, os imóveis em São Paulo estavam muito baratos, e agora atingem um patamar compatível com o PIB per capita do país. Se vão continuar subindo, aí são outros quinhentos. A julgar por Mumbai e Moscou, tem chão pela frente…
Crédito do thumbnail: Free Digital Photos by njaj.
Olá Dr. Money,
Sugiro refazer o gráfico acima usando como Y os preços dos imóveis em valores totais do bem e não por metro quadrado. Digo isso porque, o tamanho médio dos imóveis variam em cada país (ex. em Tóquio, os apartamentos minúsculos, mesmo se comparado aos nossos lançamentos de 60 m2).No final, acho que importa o desembolso total/Pib per capita. Que achas?
abs, Alexandre
Alexandre, você tem um ponto: os japoneses vivem “pior” que os brasileiros nesse sentido. Infelizmente, não conheço nenhuma fonte que forneça dados dessa natureza. Se você conhecer, farei o novo gráfico com satisfação. Abraço.