Ainda sobre o seguro-saúde
O leitor Roberto reclamou do catastrofismo do artigo de Stephen Kanitz, Alerta aos médicos e à população, e comentada no post Comprando a sua longevidade. Segundo o Roberto, o sistema acaba se auto-ajustando, não necessariamente chegando ao ponto das empresas de seguro-saúde terem que abandonar o mercado, deixando milhões de velhinhos sem assistência médica.
Artigo no Washington Post – Health insurance costs shifted to workers, even as premiums surge – parece corroborar a tese do leitor. No artigo são apresentados os resultados de uma pesquisa levada a cabo pela Kaiser Family Foundation, mostrando que, mesmo com as empresas transferindo cada vez mais os custos para os seus funcionários, os custos com seguro-saúde vêm aumentando nos últimos anos. Esta pesquisa foi feita nos Estados Unidos, mas não parece ser incorreto extrapolá-la para o Brasil.
Alguns dados da pesquisa:
– Em 2011, metade dos funcionários em pequenas empresas desembolsaram US$ 1.000 ou mais com co-pagamentos de tratamentos médicos cobertos pelos planos das empresas. Em 2006, eram 16%. Nas grandes empresas, este percentual evoluiu de 6% para 22%.
– Os prêmios pagos pelas empresas em seguros-saúde subiram 131% nos últimos 10 anos, ou quase 9% ao ano.
– Uma em cada 5 famílias gasta mais de 10% de seu salário com co-pagamentos do plano de saúde de suas empresas.
Então, aparentemente, o sistema está se ajustando. Como? Transferindo os custos para os funcionários. Claro, o auto-ajuste do sistema pode ter que passar por cima de você. O que Kanitz propõe em seu artigo é que o ajuste do sistema ocorra de forma ordenada, com o governo deixando de ser demogógico e pare de impor custos crescentes aos planos, obrigando-os a cobrir custos de tratamento caríssimos que têm por objetivo estender a duração da vida humana. Obviamente, pedir para os governos não serem demagógicos é um pouco demais. Portanto, podemos esperar um auto-ajuste do sistema em que os ganhadores e perdedores se darão pela lógica do mercado. E, nesse jogo, você provavelmente é o elo mais fraco.
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