Como se proteger da “Inflação Imobiliária”?
Suponha que você esteja guardando dinheiro para dar de entrada em um apartamento. Este dinheiro deve ser investido em algum lugar, certo? A questão é: qual o melhor investimento para proteger o seu dinheiro da chamada “inflação imobiliária”? Ou seja, o que deve ser feito para não perder a corrida da valorização dos imóveis? O leitor Júlio manda-me duas sugestões interessantes, e pede minha opinião. Vamos ver:
1. Comprar ações de empresas do setor imobiliário. Será que a valorização dessas empresas acompanha a alta dos preços dos imóveis?
Em princípio, não. O resultado das empresas desse setor depende de muitos outros fatores além dos preços dos imóveis: custo da mão de obra e materiais, oferta de crédito e até a forma de contabilização dos resultados. Fiz um exercício simples: comparei o índice IMOB, calculado pela Bovespa (mais informações aqui), e que mede o desempenho das ações do setor. Veja na tabela a seguir os resultados, comparados com o Ibovespa, com o CDI e com o índice ZAP-Fipe de imóveis, nos últimos 1, 2 e 3 anos (períodos terminados em fevereiro/11):
Note que o índice IMOB não guarda relação com o índice ZAP-FIPE. Quem, por exemplo, aplicou nas empresas do setor há três anos, viu o seu investimento encolher em 5,4%, enquanto os preços dos imóveis subiram 81,3% no período. Já quem está guardando dinheiro nos últimos 2 anos, a situação se inverte: a carteira de ações subiu 206,5%, contra uma valorização dos imóveis de 52,4% no mesmo período.
2. Comprar cotas de um fundo imobiliário.
Fundos imobiliários normalmente estão ligados a empreendimentos específicos, e sua valorização depende do sucesso do empreendimento, o que supostamente acabaria se refletindo no preço dos imóveis. Como esses empreendimentos normalmente são comerciais, vamos compará-los também com o índice IGMI-C, calculado pela FGV (que descrevemos no post Imóveis: um bom investimento?), também em três períodos: 1, 2 e 3 anos (períodos terminados em dezembro/2010). Para fazer esse exercício, consideramos a valorização dos fundos imobiliários disponíveis no mercado nesses períodos, disponíveis aqui. Montei uma carteira teórica com esses fundos, considerando o mesmo peso para cada um deles, apenas para fins de simulação. O resultado vai a seguir:
Note que a rentabilidade dos fundos imobiliários guarda uma relação muito mais próxima com o índice da FGV e mesmo com o índice ZAP-FIPE dos imóveis residenciais. Mas atenção! A liquidez (o mesmo que dizer a facilidade de vender) esses fundos é muito menor que a disponível para ações. Assim, ao investir numa carteira desse tipo, a sua rentabilidade real pode não ser essa rentabilidade teórica, pois o esforço para vender as cotas desses fundos pode abocanhar uma parcela do ganho.
Concluindo: para aqueles que, como o Júlio, querem proteger o seu rico dinheirinho da “inflação imobiliária”, aparentemente uma carteira de fundos imobiliários pode ser uma alternativa, ainda que a falta de liquidez possa prejudicar o retorno.
Crédito do thumbnail: Free Digital Photos by jk1991.
Eu particularmente sou um que estou “hedgeado” em FII’s e morando de aluguel. Espero que na prática o hedge funcione.
[]’s e parabéns pelo blog.