Os limites do consumismo
O vídeo abaixo relata a triste história de uma mãe que simulou um assalto para ficar com o álbum de formatura da filha sem pagar nada para a fotógrafa. Assista, eu volto a seguir:
Mãe simula assalto para não pagar pelo álbum de formatura
Fico cá imaginando o que leva uma pessoa a planejar algo tão estúpido. Não é tão difícil. Uma filha querida, o pedido insistente, o desejo de vê-la feliz, a falta de dinheiro, uma certa lassidão moral… e pronto! Está feito o cenário em que um ato mau pensado acaba com uma vida.
Muitos obviamente não chegam a este ponto, mas passam maus bocados porque não conseguem controlar o consumismo próprio, do cônjuge ou dos filhos. Principalmente dos filhos. Muitos pais têm medo de simplesmente dizer não. Sentem-se culpados por não conseguir dedicar tempo suficiente aos filhos, ou simplesmente querem se livrar dos pedidos insistentes, e cedem a todos os desejos de consumo dos filhos. E não percebem que, agindo dessa maneira, estão criando adultos que terão dificuldade em dizer não a si mesmos.
É muito importante que os filhos cresçam sabendo que a vida não lhes dará tudo o que quiserem. E o melhor “laboratório” para isso é a própria casa. Quando os pais dificultam, criam condições, estabelecem critérios para que os filhos obtenham as coisas que querem, estão “treinando-os” para a vida. Quando adultos, terão os instrumentos necessários para controlar os seus desejos de consumo. E serão pessoas mais felizes, pois saberão viver com o suficiente.
Algumas atitudes simples que podem ajudar os filhos a entender os limites do consumo:
– Ter uma única TV em casa, de modo que os habitantes da casa tenham que abrir mão de seus gostos de vez em quando;
– Estabelecer uma mesada que permita ao filho comprar algumas coisas, mas sem extravagâncias;
– Não dar presentes fora de época, só porque o filho pediu. Estabelecer as datas “oficiais” dos presentes. (Obs.: Na minha opinião, Dia das Crianças não deveria constar desse calendário. Este dia poderia ser utilizado, por exemplo, para um passeio em família, para um lugar que as crianças gostassem).
– Revelar os preços das coisas. Muitas vezes as crianças não têm noção do preço do que pedem.
– Não se dobrar às “manhas” das crianças pequenas, mesmo que sejam constrangedoras. Podem causar um certo mau-estar em determinadas ocasiões, mas nada vale mais do que uma lição de frugalidade. Lembre-se: a criança aprende pelos atos. Se você ceder, ela saberá que basta fazer manha para obter o que quer.
– Dizer não a si mesmo. Um pai ou uma mãe que constantemente aparecem em casa com a última moda ou o último gadget, não têm muita moral para negar alguma coisa aos filhos. Não estou dizendo com isso que seja proibido comprar roupas de griffe ou um iPhone, mas que deve haver medida e bom senso para tudo.
É claro que a mãe que simulou o assalto é um caso extremo. Mas muitas pessoas não conseguem controlar o seu consumismo, e apelam para recursos “legais” para obterem o que querem. No caso, as dívidas. E acabam, igualmente, desgraçando as suas vidas. Não se engane: o consumismo é uma droga tão ou mais perniciosa quanto qualquer outra.
Artigos relacionados:
– Ninguém tem direito à felicidade
– Necessário, somento o necessário, o extraordinário é demais
– O essencial, o necessário e o supérfluo
– O que é realmente importante na sua vida?
– 7 dicas para administrar a mesada dos filhos
Crédito do thumbnail: Free Digital Photos by stockimages.
Vivemos em uma sociedade egoísta e destituída de valores morais. Mas que valores temos para nos espelhar se nosso líderes e ídolos não dão o exemplo?
A que ponto podemos chegar. É lamentável.
Porém, é possível presenciar, diariamente, atitudes como essa numa menor escala, é claro. Mas o raciocínio é mesmo dessa pobre mulher.
Por exemplo: motorista que foge após causar uma colisão em outro carro. Pensa ele, mesmo que inconscientemente: "estou com a renda toda comprometida com prestações, não fiz seguro, se assumir esse dano terei uma capacidade de compra diminuída. Dane-se o outro."