Tesouro Direto: por que não decola?
Por ser, em geral, muito mais barato do que investir através de fundos de investimento, o Tesouro Direto (compra de títulos públicos diretamente do Tesouro Nacional) é recomendado por 10 entre 10 consultores de finanças pessoais. No entanto, desde que foi lançado, em 2002, o Tesouro Direto conseguiu atrair apenas 236 mil investidores, com um montante aproximado de R$ 5,6 bilhões, o que dá uma média de R$ 24 mil por investidor (veja Balanço do Tesouro Direto aqui). Portanto, não são pequenos os investidores que buscam o Tesouro. Para ter uma ordem de comparação, as pessoas físicas tem R$ 545 bilhões investidos em fundos de investimento, ou quase 100 vezes mais em termos de volume (fonte: Anbima). Por que será que o Tesouro Direto, ainda que mais em conta do que os fundos, não decola? Tenho algumas hipóteses.
A primeira diz respeito a como o investidor toma a sua decisão de investimento. Segundo pesquisa do Ibope (aqui), 43% dos investidores ainda tem no gerente do banco o seu principal conselheiro. E, adivinhe o quê: o Tesouro Direto não é exatamente o produto mais rentável para os bancos. Ficam lá escondidos na última prateleira.
A segunda se refere ao expertise necessário para investir diretamente em títulos, tanto de renda fixa quanto de renda variável. No caso do Tesouro Direto, são três tipos diferentes de títulos (atrelados à SELIC, atrelados ao IPCA e prefixados), com vários vencimentos diferentes. Em qual desses títulos devo investir?, pergunta-se aflito o investidor leigo. Investir em títulos diretamente exige uma lição de casa que poucos estão dispostos a fazer. Não que o investimento em fundos também não exija conhecimento por parte do investidor. Mas, neste caso, entra o trabalho de “consultoria” do gerente do banco, que ajuda na escolha da “melhor” opção.
A terceira é a liquidez. No caso do Tesouro Direto, você só tem acesso ao investimento uma vez por semana. No caso dos fundos, a liquidez é diária. Obviamente, este não é um obstáculo para investimentos de longo prazo, mas no curto prazo todo mundo se sente mais tranquilo se puder colocar a mão no dinheiro imediatamente.
A quarta, e que tenho como uma das principais, é a comodidade. Investir em títulos diretamente dá algum trabalho. Já no caso do fundo de investimento, normalmente basta um click na Internet e, pronto!, o investimento está feito.
Acho que o Tesouro Direto vai continuar crescendo, mas dificilmente será a principal modalidade de investimento, em função dos pontos expostos acima. Para você que já ouviu falar do Tesouro Direto, mas não sabe muito bem do que se trata, um leitor do blog enviou-me o seguinte link: Apresentacao_Expomoney_Salvador_2011. Trata-se de uma apresentação elaborada pelo próprio Tesouro Nacional, extremamente didática. Boa leitura!
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Olá, gostaria de sanar uma dúvida que está me impedindo de partir para o tesouro direto e sair da poupança. Tenho 5mil para investir e mais ou menos 500 mensais, porém não entendo nada de IR, nunca declarei(isento) e não tenho muito conhecimento sobre a área. Quando se referem ao desconto do imposto no momento do “saque”, significa que no momento do saque já descontarão o imposto em cima do rendimendo, ok ? e como fica a questão da declaração ? se já foi descontado, precisaria ter que declarar ou não ? no meu caso que sou isento e declararia apenas por causa do investimento(tesouro direto), como deveria proceder com o preenchimento da declaração do imposto de renda ?
Acho que muita gente deixa de migrar para o tesouro por ter essa mesma dúvida.
De já agradeço.
André, não tem segredo! A declaração de rendimentos financeiros tributados na fonte é feita no formulário “Rendimentos Sujeitos à Tributação Exclusiva/Definitiva”, campo número 06 (pelo menos este ano era neste campo, não sei se vai mudar no ano que vem). Ou seja, você declara quanto recebeu de juros, e pronto! Você já pagou o imposto devido na fonte (o agente de custódia recolhe para você). Quando se trata de recolher impostos, o governo é muito eficiente!
Abraço e bom ano novo!
Dr. Money, gostei do post, só não concordo com o 4° quesito apresentado, pois é só possuir conta no banco (alguns bancos são agentes integrados) que é possível investir. Comecei meus investimentos no TD, e estou satisfeito. Porém estou prestes a trabalhar em banco, e terei que oferecer só Fundos e CDB, deixando de lado o TD para os clientes.
Joselito
Enquanto isso, os bancos vão ganhando dinheiro, e os gerentes vão cumprindo suas metas de vendas de produto… Já o brasileiro…
Adiciono um quinto ponto: todos os investidores têm conta bancária, mas nem todos possuem uma conta numa corretora de valores.