Compras coletivas com desconto – vale a pena?
Os sites de compras coletivas estão bombando! Cada vez mais gente se rende ao apelo de comprar produtos e serviços com descontos que podem chegar a 90%! Mas, como já dizia Milton Friedman, não existe almoço de graça. Onde está a pegadinha?
Por trás desses sites (Groupon e Peixe Urbano são dois exemplos) está a velha lógica do cupom de desconto. Não é muito comum por aqui, mas nos EUA os jornais e revistas estão recheados deles: os comerciantes mandam imprimir “cupons de desconto”, o leitor recorta e leva o cupom para o estabelecimento, tendo direito ao desconto oferecido, dentro das regras estabelecidas. Os comerciantes procuram, assim, atrair clientes que, de outra maneira, nunca pisariam em seus estabelecimentos.
– Mas qual a vantagem, se o cara for lá e não voltar nunca mais?
Bom ponto. Se o cliente não voltar, ou não fizer propaganda do produto/serviço, foi dinheiro jogado fora. Mas é assim com todo tipo de publicidade: fazer propaganda é só o primeiro (e necessário) passo. A seguir, é preciso não decepcionar o cliente, oferecendo um produto/serviço de qualidade.
No caso dos sites de desconto, a lógica é a mesma dos cupons, mas o mecanismo é ligeiramente diferente. No caso de um cupom impresso no jornal, o cliente só precisa recortar e levar o cupom. Por isso, normalmente, os descontos são menores. Já nos sites, o cliente compra o cupom por um determinado valor, o que lhe dá direito ao desconto. Esta diferença é fundamental, pois o potencial cliente, ao comprar o cupom, está de fato comprometido com a visita ao estabelecimento, uma vez que já pagou pelo desconto. É, portanto, uma propaganda mais efetiva do que imprimir milhares de cupons nos jornais.
E quanto ao consumidor? Como em qualquer serviço, há problemas. O mais comum é o despreparo da empresa que faz a promoção: falta do produto, lotação, e até humilhação de quem está portando o cupom. O site IDG Now! reuniu 5 casos de terror relatados no site Reclame Aqui. Obviamente, comprar produtos/serviços por menos da metade do preço envolve riscos (se não, não custariam tão menos – é a velha máxima do “almoço de graça” em ação). Tendo isso em mente, pode ser uma boa opção para fazer alguma economia.
Uma última (e talvez a mais importante) observação: o fato de ser barato não torna um produto/serviço necessário. O grande risco desses descontos é induzir compras de coisas inúteis, que servem mais para desperdiçar dinheiro do que economizar. Leia mais sobre este ponto no post Liquidando Seu Orçamento nas Liquidações.
Crédito do thumbnail: Free Digital Photos by nenetus.
Uma outra fonte de receita são os cupons adquiridos e não utilizados que vencem. A mesma lógica do vale-presente não trocado que vira receita grátis para a loja.
De fato, tenho visto muita gente comprar coisas de que não precisam por causa do desconto.