Quantas moedas teve o Brasil? O Real será a última?
A instabilidade de um país pode se medir pela quantidade de moedas que já circularam. Neste quesito, o Brasil ocupa um lugar de ponta: o país já teve nada menos do que 9 padrões monetários, desde os réis do Império e Velha República, até o atual Real.
Na figura abaixo, podemos ver as diversas moedas que já tivemos, desde o Cruzeiro, no tempo de Getúlio Vargas, até o Real.
Observe que o período mais longo de estabilidade monetária, desconsiderando-se o tempo dos Réis anterior ao Cruzeiro, foi justamente o do Cruzeiro, de 01/11/1942 a 13/02/1967, ou 8.870 dias. O segundo maior período de estabilidade foi o do Real: do seu início em 01/07/1994 até hoje (26/09/2015) passaram-se 7.757 dias.
O período mais curto foi o do Cruzado Novo, entre 16/01/1989 e 16/03/1990, ou 424 dias. Estou aqui desconsiderando o período do Cruzeiro Real, entre 01/08/1993 a 01/07/1994, ou 334 dias, pois o Cruzeiro Real, na verdade, foi a ante-sala do Real, uma espécie de “moeda preparatória”.
Note-se a grande quantidade de moedas entre 28/02/1986 e 01/07/1994. Este período foi marcado pela hiperinflação, em que o dinheiro era uma ficção. Estamos vivendo tempos muito diferentes, mas com aquele ar de “oh não, de novo não!”. A hiperinflação foi a resposta da economia a um problema bastante comum, e que estamos vivendo novamente: o desequilíbrio fiscal. Na impossibilidade de financiar os seus gastos, e sem fontes novas de financiamento, a única forma do governo “queimar” a sua dívida sem dar calote é a inflação. E não qualquer inflação: precisa ser uma “inflação-surpresa”, sempre mais alta do que aquela que os agentes econômicos esperavam. Por isso, a inflação em uma economia em que o governo apresenta desequilíbrios fiscais crescentes e tem dificuldade de se financiar, é sempre crescente. Na prática, é como se o governo “imprimisse” moeda falsa, que não vale aquilo que está impresso, para pagar a sua dívida. Estamos, obviamente, longe deste quadro, mas indo em direção a ele. É preciso fazer um ajuste sério das contas públicas, sob pena de voltarmos à década de 80.
Na figura acima, observe a data final: 14/10/2018. Esta é a data em que a duração da “era do Real” ultrapassará o Cruzeiro criado por Getúlio Vargas, e será o padrão monetário mais longo da história brasileira, depois dos Réis. Chegaremos lá? Muito provavelmente sim. Mas longevidade não é sinônimo de saúde. É preciso que a sociedade brasileira acorde e se una para preservar o pressuposto de qualquer programa de crescimento e distribuição de renda: uma moeda estável e confiável.
Que vergonha esse catatau de moedas!
Veja Uk sempre foi a libra.
Suiça sempre foi o Franco Suiço.
EUA sempre foi o dolar.
O Brasil não é para amadores!