Crédito: beba com moderação
Há um consenso bastante estabelecido sobre os cuidados necessários no uso de bebidas alcoólicas. Não faço parte do grupo que acha que bebida é coisa do demônio. Usada com moderação, é alegria para a alma. O problema começa quando a bebida é usada para curar as feridas da alma.
De alguma forma, o crédito pode ser comparado à bebida. Não há nada contra usar o crédito para adiantar o consumo no tempo, principalmente de itens mais caros, como imóveis e carros. Mas assim como a bebida, o crédito também tem o seu teor alcoólico, que é a taxa de juros. No caso do Brasil, o teor alcoólico do crédito é extremamente alto, de modo que qualquer dose maior pode ser mortal.
O portal G1 publicou reportagem (Dívida com crédito consignado ‘aperta’ orçamento de aposentado) contando as desventuras do aposentado Valdemar Bianco, que recebe R$ 3 mil por mês, mas deixa mensalmente nas prestações do crédito consignado a bagatela de R$ 1.250. O crédito consignado é o champagne do crédito: levinho, gostoso, fácil de tomar, e por isso mesmo um risco maior de bebedeira.
A história de Valdemar é a mesma de muitos endividados: vício. Ele mesmo conta que, mal acaba de pagar um consignado, já pega outro. São vários os motivos: ajuda a parentes, reforma da casa, pagar multas do carro, dentadura. Mas fica claro na reportagem que o problema mesmo é o vício. Com a facilidade na obtenção do crédito, aos poucos esse dinheiro passou a fazer parte do orçamento. Quando isso acontece, é o fim. Na verdade, o orçamento com base em crédito aumenta de tamanho somente no início. Trata-se de um aumento ilusório, pois logo em seguida é preciso fazer espaço no orçamento para o pagamento dos juros.
O crédito, assim como a bebida, pode acabar com a vida de uma pessoa. Portanto, beba com moderação.
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É, pois é.Eu soube de uma história de uma doméstica que ganha R$ 690.00 por mês e paga R$ 678.00 de parcela da pretação do carro. E ela ainda saiu rindo na fota…kkkkk
Que coitada.
Ela paga juros e eu recebo juros, os ricos são sempre os mesmos…..
Abraços!
Ótima analogia, Dr. Money!
Como bem afirmado ao longo do texto, não é o crédito em si que é bom ou ruim, mas sim o uso que dele se faz que pode ser bom ou ruim. Gostei muito dessa série de reportagens do G1, pois, afinal de contas, as situações ali retratadas espelham com muita propriedade a realidade de muitas famílias brasileiras.
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!